O Sistema Aquífero Guarani se apresenta como um importante manancial para o fornecimento de água potável para diversas localidades em que ele está localizado. Segundo Gastmans e Kiang (2004), este sistema ocupa uma área de aproximadamente 1,2 milhões de km², das quais 840 mil km² está em território brasileiro, 225 mil km² na Argentina, 72 mil km² no Paraguai e 58 mil km² no Uruguai. No Brasil, sua localização compreende os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Araújo et al (1999) expõe que o Sistema Aquífero Guarani se constitui nas Bacias Sedimentares do Paraná e Chaco-Paraná, formada por arenito da formação Botucatu e Pirambóia e sobreposto em 90% por rochas basalticas da formação Serras Gerais. Os pontos de recarga de água para o aquífero estão localizadas às marginais da Bacia Sedimentar do Paraná, como explica Araújo et al (1999). Nas margens são encontradas os afloramentos de arenitos, ocorrendo nestes a infiltração das águas pluviais. Nos pontos centrais do aquífero, os arenitos ficam cada vez mais distantes da superfície, na qual, em contrapartida, a camada de rochas basálticas ficam mais espessas. Neste ponto o aquífero fica em total confinamento, não havendo recarga. Os pontos de descarga estão localizados ao longo dos Rios Paraná e Uruguai.
Segundo Rocha (1997), estima-se que o Sistema Aquífero Guarani apresenta um volume de 37 mil km³ de água. As reservas ativas, aquelas que correspondem a recarga natural, são de 160 km³/ano. Porém, para efeito de planejamento, preservando o sistema hidrológico do aquífero, recomenda-se que a explotação seja em valores inferiores a 40 km³/ano.
A água do Sistema Aquífero Guarani apresenta, com exceção de alguns ponto anômalos, uma excelente potabilidade, podendo ser utilizada para diversos fins. Porém, a explotação de seus recursos hídricos não podém ser imediatistas, mas planejada em conjunto entre os países que compõem este sistema.
Até a década de 1970, o aquífero em questão era praticamente desconhecido. A partir daí houve um grande surto exploratório, como a construção de diversos poços ao longo das zonas de recarga. Porém, vale salientar que o conhecimento sobre o aquífero ainda é insuficiente e fragmentado, conforme expõe Rocha (1997). O autor discute que para um estudo mais aprofundado, é necessário uma cooperação a nível estadual e federal entre os países participantes do sistema, adotando assim técnicas unificadas de investigação. Este estudos compreedem projetos de: elaboração de Mapa de Recursos Hídricos do Aquífero Guarani; a identificação das zonas de recarga; o mapeamento de pontos de alto teor de fluoreto na água, que impossibilita o abastecimento público; construção de maior conhecimento quanto a circulação e a renovação do aquífero; determinação do balanço hídrico.
A grande preocupação quanto ao aquífero, objeto deste artigo, é a sua proteção contra a contaminação. Segundo Rocha (1997), ao longo das zonas de recarga se observam diversas cidades e pólos agroindustriais, nas quais os resíduos urbanos e rurais são lançados ao solo ou diretamente aos cursos dos rios. Desta forma, o autor nos chama a atenção, discutindo que
no caso do Aquífero Guarani, administradores públicos e usuários das águas precisam ser
advertidos sobre os perigos de contaminação irreversível das águas, se não houver critério
no uso de produtos químicos, cuidado com os rejeitos industriais e agrotóxicos lançados no
solo. O aquífero encontra-se protegido em quase toda sua área de ocorrência graças ao
tamponamento das espessas lavas de basalto praticamente impermeáveis; as faixas de
afloramento e áreas adjacentes, entretanto, são regiões de infiltração natural das águas,
com elevada vulnerabilidade à poluição. O controle das fontes de poluição aí existentes é
um imperativo para que o reserva tório aquífero inteiro seja utilizado ao logo das gerações
(ROCHA, 1997).
Nas áreas de recarga do aquífero, é imprescindível o controle e até a restrição do uso de alguns produtos químicos tóxicos (fertilizantes, praguicidas etc.). É necessário um aparato legislativo eficiente que torna legal este controle, como já pode ser observado no estado de São Paulo, que apresenta uma legislação específica para águas subterrâneas. Desta forma, se salienta a importância do mapeamento das áreas de recarga, garantido assim sua proteção.
A água do Sistema Áquifero Guarani é um recurso nobre. Sua preservação é importante pois o seu uso tem diversos benefícios para a sociedade: água, em sua grande parte, de excente qualidade para abastecimento urbano, na qual se observa muitas cidade que utilizam o aquífero como única fonte de recurso hídrico; o seu valor econômico, na qual nas regiões de possível explotação atraí indústrias que necessitam de água de alta qualidade (indústria alimentícia, por exemplo), além do turismo terma, já que água pode chegar a temperatura entre 20 a 60ºC.
O Sistema Aquífero Guarani é uma dádiva da natureza a nós, países do cone sul americano. Devemos preservar esta riqueza única, na qual os benefícios desta postura será colhida por nós mesmos.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, L. M.; FRANÇA, A. B.; POTER, P. E. Hidrogeology of the Mercosul Aquifer System in the Paraná and Chaco-Paraná Basins, South America, and comparison with the Navajo-Nugget Aquifer System, USA. Hidrogeology Journal, n. 7, p.317-336, 1999.
GASTMANS, D.; KIANG, C. H. Avaliação da hidrogeologia e hidroquímica do Sistema Aquífero Guarani (SAG) no estado de Mato Grosso do Sul. Águas Subterrâneas, Rio Claro, v. 19, n. 1, p.35-48, 2005.