quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Bahia lança programa que transforma água salgada em água doce

A primeira Unidade Demonstrativa do Programa Água Doce (PAD) será inaugurada na comunidade de Minuim, no município de Santa Brígida, no próximo dia 30 de novembro. O programa é uma ação do governo federal através do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e coordenado, na Bahia, pelo Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá). Na ocasião serão assinados os acordos de gestão do sistema de dessalinização e de gestão da criação da tilápia.
O objetivo do ‘Água Doce’ é melhorar as condições de vida do Semiárido, onde boa parte da população consome água subterrânea salobra. Segundo a coordenadora do PAD, na Bahia, e bióloga da Coordenação de Planejamento de Recursos Hídricos do Ingá, Maria do Carmo Nunes, “o programa estabelece uma política de acesso à água de boa qualidade, que suprirá aos moradores água potável, geração de renda e melhoria na qualidade alimentar”, afirma.
A Unidade Demonstrativa (UD) é um sistema de produção integrado, onde a comunidade obtém água para consumo humano, e ainda utiliza o concentrado (o que sobra após a dessalinização) na produção de peixes e na irrigação de plantas que servem de alimento a caprinos e ovinos. “Na UD, esse sistema de produção estará disposto para visitação, exposições, aulas e demonstrações, com o objetivo de multiplicação desse modelo”, explica Maria do Carmo Nunes.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, faz a coordenação nacional da UD, com supervisão técnica da Embrapa Semiárido e com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Urbano (BNDES). Entre os parceiros estão o Ingá, a Prefeitura de Santa Brígida e a comunidade de Minuim. O Programa Água Doce foi criado em 2004 e, desde então, cerca de 500 pessoas já foram qualificadas e repassam técnicas para as comunidades atendidas em UDs.
“Minha expectativa é que, com a implantação da UD, a comunidade de Minuim (cerca de 250 famílias), em parceria com o Núcleo Gestor do PAD, na Bahia, e com a Coordenação Nacional do Programa, contribuam para a manutenção produtiva”, declara a coordenadora e acrescenta: o plano de ação do Água Doce tem metas a atingir até 2019”, finaliza.
O Sistema Integrado de Reuso dos Efluentes da Dessalinização, além de produzir água potável, reaproveita o concentrado enriquecido em sal, proveniente da dessalinização para a criação de tilápias (peixes de água doce que se reproduzem até mesmo no mar) e no cultivo de uma planta conhecida como erva-sal, utilizada na alimentação de caprinos e ovinos. Os peixes são comercializados pela comunidade e o dinheiro da venda é usado para manter o próprio sistema.
De acordo com Maria do Carmo, no primeiro momento, a água é retirada do aqüífero por meio de um poço profundo, enviada a um dessalinizador e armazenada em um reservatório para distribuição. Na segunda etapa, o rejeito do dessalinizador é utilizado para cultivar a tilápia. Na terceira fase, o concentrado dessa criação, rico em matéria orgânica, é aproveitado para irrigar a erva-sal (Atriplex nummularia), por sua vez utilizada na produção de feno para alimentar ovelhas e cabras.
O sistema produtivo utiliza uma área total de cerca de dois hectares, possui dois viveiros de tilápias, um tanque para reciclagem do concentrado e uma área irrigada para cultivo da erva sal, além da área para produção do feno. “Para que uma localidade possa receber um sistema semelhante, deve ter um poço com vazão mínima de 3 mil litros de água por hora, solo compatível com o sistema de irrigação de erva sal, área pública para implantação do sistema, exploração pecuária e experiência cooperativa da comunidade”.
As comunidades beneficiadas também são escolhidas de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e com as indicações pluviométricas do município, ausência ou dificuldade de acesso à fontes de abastecimento de água potável e altos índices de mortalidade infantil também são considerados, além do tamanho da área a ser implantada a UD.
Referências:
Acesso em: 02/12/2010

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Hidropirataria, uma farsa?
Há algum tempo atrás conversamos na aula de Gestão de Recursos Hídricos sobre a Hidropirataria que estaria acontecendo no Rio Amazonas.
Achei este artigo que contradiz toda a história. Resta saber em quem acreditar né!

O ESTADO DE SÃO PAULO
ESPAÇO ABERTO
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS

Hidropirataria na Amazônia, um delírio

Antonio Felix Domingues - O Estado de S.Paulo

Há anos o fantasma da hidropirataria ronda cabeças no Brasil. Embora seja contada como uma história quase policial, a hidropirataria é um delírio que, em vez de contribuir para maior valorização da água, acaba desviando a atenção de problemas reais, como a insuficiente cobertura da rede de água tratada para as populações amazônicas, o índice mais baixo do Brasil.
A história, tema recorrente na mídia, conta que grandes navios-tanque vêm até o Rio Amazonas, ora próximo a Manaus, ora na sua foz, para roubar água do território brasileiro e levá-la para países sedentos. À primeira vista, a hidropirataria nos revoltaria e teríamos, evidentemente, de tomar providências contra a atividade. Entretanto, essa história não encontra fundamento, posto que as leis da economia, de forma indistinta, regem os interesses de todas as atividades comerciais.
Em valores atuais, 1 m3, ou 1 tonelada de água, custa entre US$ 0,25 e US$ 0,50 por dia para ser transportado em navios de grande porte para granéis líquidos. Qualquer viagem para um dos chamados "países com sede", localizados no Caribe ou no Oriente Médio, por exemplo, demoraria vários dias, ao que se impõe uma realidade importantíssima: o custo da água atingiria valores superiores a US$ 3 por m3 para uma viagem de 10 dias a 13 dias, mais os custos de tratamento para torná-la potável, ao redor de US$ 0,40/m3. Esses valores nos mostram a impossibilidade do comércio mundial de água bruta para abastecimento público utilizando-se o transporte marítimo, porque os custos do frete de granéis líquidos tornam a atividade inviável em distâncias superiores a 500 km.
A realidade que está resolvendo a sede dos países é a dessalinização e o reúso, que, com tecnologia e escala, operam a custos cada vez menores. Em Israel, três plantas dessalinizadoras (Ashkelon, Hadera e Sorek), no modelo de parcerias público-privadas (PPPs), fornecem água potável a 3,5 milhões de pessoas a um custo médio de US$ 0,60/m3. Dessa maneira, Israel, dentro de alguns anos, não vai mais comprar água da Turquia, o único caso conhecido de transporte de água em navios-tanque e que, apesar da distância de apenas 600 km, está perdendo toda viabilidade econômica.
Existem hoje cerca de 380 plantas de dessalinização em todo o mundo. No Brasil há apenas uma pequena unidade, funcionando na Ilha de Fernando de Noronha, que opera ao custo de US$ 1/m3. É interessante ressaltar que nem para Fernando de Noronha compensaria levar água em navios-tanque.
Existe, sim, um comércio de água entre países, de características muito limitadas, que ocorre por aquedutos, como, por exemplo, entre Lesoto e África do Sul, Malásia e Cingapura, Turquia e Chipre.
Por outro lado, o Brasil, o país mais rico do mundo em água doce, começa a se beneficiar com a exportação de água, mas não na sua forma líquida, e sim da maneira que se convencionou chamar de água virtual, aquela que é exigida para a produção de bens agrícolas ou industriais.
Alguns produtos, como grãos, frutas, carnes, aço, papel, açúcar e álcool, demandam grandes quantidades de água para serem produzidos e muitos países já encontram dificuldades ambientais para a produção desses produtos e, por isso, precisam importá-los de países com água e solo em abundância, como o Brasil, por exemplo.
Provavelmente a história da hidropirataria nasceu de uma confusão que se faz com a prática do uso da água como lastro para os navios. Sem o lastro o navio não tem segurança, navegabilidade nem equilíbrio para a viagem, operações e manobras necessárias. A água de lastro é bombeada para dentro e para fora dos navios, de acordo com a necessidade operacional. Essa prática rotineira tem trazido ao mundo problemas expressivos por causa da introdução de organismos invasores que passam pelos filtros da rede e das bombas de lastro. Atualmente, cerca de 5 bilhões de toneladas de água são movimentadas por ano entre diferentes regiões do globo.
Estimam-se em US$ 100 bilhões por ano os prejuízos globais causados por espécies invasoras na água doce levadas de um continente a outro. Os Estados Unidos gastam por ano cerca de US$ 10 bilhões, principalmente por causa do mexilhão zebra (Dreissena polymorpha).
No Brasil, há cerca de dez anos, foi introduzido o mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), trazido por navios do Sudeste Asiático à Bacia do Prata. Para tentar prevenir o flagelo mundial provocado pela introdução de espécies exóticas a Organização Marítima Internacional (IMO), a agência das Nações Unidas responsável pela segurança da navegação e prevenção da poluição marinha, adotou, desde 2004, uma nova Convenção Internacional para Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimento de Navios.
Ainda que o transporte de água doce por navio fosse economicamente viável, quem o fizesse estaria contrariando o principal pressuposto dessa convenção, que é despejar no mar a água doce de lastro trazida de qualquer país, antes de retornar, para evitar a contaminação. Esforços têm sido intensificados para fiscalizar a água de lastro em costas e portos brasileiros. Esperamos que o Brasil possa, num futuro breve, ser citado como um bom exemplo para os demais países, signatários ou não, da referida convenção.
Portanto, problemas reais de água na Amazônia existem, sim, embora não despertem tanta atenção. Como, por exemplo, o fato de que na área mais rica de água doce do planeta cerca de 40% da população ainda não tem acesso a água tratada, o índice mais baixo no País, cuja média é de cerca de 10%. Esse é, sem dúvida, um fato incômodo e real, que deveria ser objeto de nossa preocupação.

COORDENADOR DE ARTICULAÇÃO E COMUNICAÇÃO DA AGÊNCIA NACIONAL DE
ÁGUAS (ANA)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

DIA DO RIO

No dia 24/11 - quarta-feira é comemorado o dia do Rio. Esta data foi instituída devido a grande preocupação com a escassez da água, assim como a preservação e proteção dos recursos naturais.
Proteção - Os rios são de grande importância para a vida nos mais variados ecossistemas. A vegetação existente nas margens de rios denomina-se de Mata Ciliar (ou Mata de Galeria, ou Floresta Ripária). É de vital importância preservarmos a mata ciliar, pois a mesma evita o processo de erosão do solo, já que parte da água que escoa das chuvas é retida pelas raízes dessa vegetação.

A Mata Ciliar exerce um papel fundamental na proteção dos rios, funcionando como se fosse uma esponja. A Mata Ciliar não só protege os rios como evita o ressecamento do solo, a erosão e o desbarrancamento, mas também preserva a flora e a fauna que habitam estas áreas, contribuindo para evitar o desaparecimento de espécies. A Mata Ciliar é protegida pela Lei 4.771 de 15.09.65, ou seja, o Código Florestal. Segundo esta lei, a área de proteção das margens dos rios, varia de acordo com a largura do rio. Para rios com 10 metros de largura, a lei estabelece uma área de proteção de 30 metros para cada margem. Para rios que possuem entre 10 e 50 metros de largura, a lei determina 50 metros de área protegida para cada margem. Para rios que possuem de 50 a 200 metros de largura a área protegida deve ser de 100 metros. Para rios com largura entre 200 a 600 metros a área da margem a ser protegida é de 200 metros e para rios com largura superior a 600 metros a faixa de proteção é de 500 metros para cada margem.
Potencial - Recursos Hídricos - O Brasil possui a maior disponibilidade hídrica do planeta, ou seja, 13,8% do deflúvio médio mundial. Há três grandes unidades hidrográficas: Amazonas, São Francisco e Paraná, onde estão concentradas cerca de 80% da produção hídrica do país. Estas bacias cobrem cerca de 72% do território brasileiro, destacando-se a Bacia Amazônica, que possui cerca de 60% da superfície do País.

Transporte e Economia - Hidrovias: A navegação fluvial no Brasil está numa posição inferior em relação aos outros sistemas de transportes. É o sistema de menor participação no transporte de mercadoria no Brasil. Isto ocorre devido a vários fatores. Muitos rios do Brasil são de planalto, por exemplo, apresentando-se encachoeirados, portanto, dificultam a navegação. É o caso dos rios Tietê, Paraná, Grande, São Francisco e outros. Os rios de planície são facilmente navegáveis (Amazonas e Paraguai), os quais encontram-se afastados dos grandes centros econômicos do Brasil. O Brasil tem mais de 4 mil quilômetros de costa atlântica navegável e milhares de quilômetros de rios. Apesar de boa parte dos rios navegáveis estarem na Amazônia, o transporte nessa região não tem grande importância econômica, por não haver nessa parte do País mercados produtores e consumidores de peso. Os trechos hidroviários mais importantes, do ponto de vista econômico, encontram-se no Sudeste e no Sul do País. Entre as principais hidrovias brasileiras, destacam-se duas: Hidrovia Tietê-Paraná e a Hidrovia Taguari-Guaíba. Hidrovias e Portos da Amazônia Legal.

Hidrelétricas - A Rede Hidrometeorológica Nacional, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, é composta hoje por 5.138 estações, das quais 2.234 pluviométricas, 1.874 fluviométricas e 1.030 de outros tipos, como sedimentométricas, telemétricas, de qualidade das águas, evaporimétricas e climatológicas. A energia elétrica/hídrica atende a cerca de 92% dos domicílios no país. A produção de energia é realizada por usinas hidrelétricas e termoelétricas, sendo que as usinas hidrelétricas respondem, por cerca de 97% da energia elétrica gerada, sendo que no Brasil, destaca-se a Usina Hidrelétrica de Itaipu, uma das maiores do mundo.

Biodiversidade - Nos rios habitam milhares de espécies da fauna e da flora, desde a grande diversidade de peixes até as diversas e coloridas macrófitas, podendo até formar distintos hábitats que proporcionam a existência de outros organismos. Nos rios ainda observamos fenômenos, como a pororoca, a piracema e o ciclo hidrológico. O Pantanal Matogrossense é um grande ecossistema formado por rios e que abriga inúmeras espécies aquáticas de peixes, aves, répteis, mamíferos e milhares de invertebrados, apresentando um dos mais belos espetáculos da natureza.

Poluição - Atualmente, com a grande industrialização e o forte crescimento de centros urbanos, os rios estão sendo cada vez mais poluídos, através dos esgotos que são despejados diretamente neles, através de despejos químicos de grandes indústrias, ou até mesmo das populações que moram em seus entornos, jogando resíduos e outros detritos que alteram a qualidade e a composição da água, assim prejudicando todos os organismos que dele necessitam. Muitas doenças são contraídas através de águas poluídas, como a cólera, esquistossomose, teníase, febre entre outras.
Acesso em: 22/11/2010.

domingo, 21 de novembro de 2010

Falta de água pode atingir 80% da população mundial

O ESTADO DE SÃO PAULO - 30/09/2010

Os recursos hídricos e sua biodiversidade em todo o mundo estão em crise, ameaçados pela ação humana. Cerca de 80% da população mundial está exposta a um grau elevado de escassez hídrica e 65% das espécies que vivem nos rios estão ameaçadas. Os maus-tratos aos rios - que historicamente ordenaram a ocupação humana - custam aos países US$ 500 bilhões por ano em ações para remediar o problema.

Essas são as conclusões do mais amplo estudo realizado sobre o estado dos rios e bacias hidrográficas no mundo, publicado na edição da revista científica Nature que circula hoje. O trabalho foi conduzido por especialistas da Universidade da Cidade de Nova York e da Universidade de Wisconsin, além de sete outras instituições, e pode ser consultado no site riverthreat.net.

"Os rios de todo o mundo estão realmente em crise, tanto nos países ricos e industrializados quanto nos países em desenvolvimento", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo Peter McIntyre, professor de zoologia da Universidade de Wisconsin e um dos autores da pesquisa. Segundo ele, os países ricos sofrem tanto quanto os pobres com os efeitos da degradação dos rios, mas estão mais protegidos da escassez por causa dos investimentos pesados que fazem em tecnologias de tratamento.

Mas as nações pobres e em desenvolvimento devem ser as mais afetadas, se continuarem gerenciando seus recursos hídricos de forma predatória, com a construção de barragens, poluição, falta de saneamento e pesca predatória. "No Brasil, os rios mais ameaçados são justamente os que estão mais próximos dos grandes centros urbanos, nas Regiões Sudeste e Nordeste."
Ciclo da água:

A importância da água em nosso sistema:


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ibama pode retardar obra da usina hidrelétrica de Belo Monte

No que depender dos técnicos do Ibama, a usina de Belo Monte não terá seu canteiro de obras iniciado neste ano, como queriam seus construtores. A equipe encarregada de analisar o pedido de licença para as chamadas instalações iniciais da hidrelétrica no Xingu deu dois pareceres contrários às obras.
Segundo os documentos obtidos pela Folha, de 5 e 20 de outubro, o consórcio Nesa (Norte Energia S.A.) não cumpriu as precondições impostas pelo Ibama para a instalação do canteiro da usina. Além disso, os empreendedores teriam subestimado o número de migrantes que seriam atraídos para a região de Altamira (PA) para a obra.
“Restam condicionantes e ações antecipatórias (…) cujo não atendimento compromete o início da implantação das instalações iniciais”, diz o parecer de 20 de outubro. “Não é recomendada a emissão de licença para as instalações iniciais.”
Principal obra do PAC, Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo. Estima-se que vá custar de R$ 19 bilhões a R$ 30 bilhões e gerar em média 4.400 MW. A usina obteve em abril licença prévia do Ibama, atestando que a obra era viável desde que os empreendedores cumprissem 40 precondições -da instalação de saneamento em Altamira até a proteção de tartarugas que desovam no rio Xingu.
Em setembro, a Nesa pediu ao Ibama uma licença de instalação parcial, para o canteiro de obras.
Chuvas – O consórcio fez isso para ganhar tempo: iniciando os canteiros neste ano, poderia começar as obras da usina após a estação de chuvas, que começa em dezembro. O Ministério Público Federal no Pará diz que acionará o governo na Justiça caso o Ibama dê a licença de instalação para o canteiro. Seria a décima ação contra Belo Monte em dez anos.
“Licença fracionada não existe na lei brasileira”, diz o procurador Felício Pontes Júnior. “O canteiro é a obra.” Na quarta passada, o MPF enviou ao presidente do Ibama, Abelardo Bayma, recomendação para que não emita licença enquanto não forem cumpridas as condicionantes da licença prévia. Os técnicos do Ibama, no primeiro parecer, dizem que não é nem possível avaliar se a licença de instalação pode ou não ser fracionada, já que o consórcio não detalhou os potenciais impactos dessa fase do empreendimento.
Das 23 condicionantes cujo atendimento seria necessário para iniciar a instalação, uma havia sido atendida em 5 de outubro. Três estavam “em atendimento” ou “parcialmente atendidas”. O consórcio enviou novos documentos para análise. No segundo parecer, mais oito condicionantes aparecem como “em atendimento” ou “parcialmente atendidas”. Mas, segundo os analistas, questões fundamentais seguem sem resposta. A principal é o tamanho da população a ser atraída ao canteiro.
O contingente adicional tende a causar pressão sobre a frágil infraestrutura urbana local e sobre as florestas. O consórcio estimou no pedido de licença para o canteiro que seriam atraídas 2,39 pessoas por emprego gerado no primeiro ano. O EIA-Rima da usina, porém, estima 3,86. Além disso, nenhuma ação de ampliação da infraestrutura foi iniciada.
O Ibama ainda não se manifestou oficialmente sobre a licença do canteiro de obras. Bayma afirmou, via assessoria, que só falaria após a conclusão da análise técnica. O presidente da Nesa, Carlos Nascimento, não respondeu a pedidos de entrevista.

Acesso em: 17 de nov. 2010.
DICAS DE LEITURA!



A dissertação abaixo analisa a ocupação da sub-bacia do Ribeirão Pires no município de Limeira/SP, e, apesar de não ser o foco principal do trabalho, exemplifica a questão da pressão urbana sobre os recursos hídricos.



AZEVEDO, R. J. G. Geoprocessamento na análise da ocupação e uso da terra em áreas de expansão urbana: Estudo de caso da sub-bacia do Ribeirão dos Pires, Município de Limeira (SP). 2008. 139f. Dissertação(Mestrado em Geografia) - Instituto de Geociências, Universidade de Campinas (UNICAMP), Campinas, 2008.


As transformações sócio-espaciais verificadas no espaço geográfico vêm se tornando cada vez mais aceleradas na modernidade. Assim, torna-se necessário o desenvolvimento de pesquisas que possibilitem uma compreensão crítica das contradições verificadas no processo de produção do espaço. A utilização de técnicas de geoprocessamento como subsídio à análise da dinâmica de ocupação e uso da terra mostra-se satisfatória em virtude da agilidade e das múltiplas possibilidades de integração dos dados geográficos em ambiente computacional. Nesse sentido, o desenvolvimento deste trabalho teve como objetivo mapear e analisar a evolução da ocupação e uso da terra na sub-bacia do Ribeirão dos Pires através da utilização de técnicas de geoprocessamento, sob a perspectiva do conceito de produção do espaço, desenvolvido por Henri Lefebvre, que permitiu conceber o espaço como um produto das complexas relações estabelecidas pela sociedade. Apesar da sub-bacia ser considerada uma área de preservação ambiental em virtude dos mananciais hídricos que permitem o abastecimento de água em Limeira, foi constatado que a área passa por um expressivo crescimento urbano verificado pela disseminação de loteamentos destinados às chácaras de recreio. Além disso, a falta de perspectivas econômicas por parte dos produtores rurais favorece o parcelamento irregular de terras para fins residenciais e promove nítidas transformações decorrentes da expansão canavieira e declínio da citricultura. Percebe-se que a produção do espaço na sub-bacia ocorre de forma muito desigual, limitando a apropriação do espaço pelos antigos moradores da área e favorecendo o valor de troca em detrimento ao valor de uso. Observa-se que a porção integrada ao perímetro urbano de Limeira vem apresentando transformações na configuração espacial decorrente do surgimento de uma nova centralidade destinada às camadas sociais mais abastadas, evidenciando o processo de segregação urbana na sub-bacia. A utilização de técnicas de geoprocessamento permitiu a análise dos dados geográficos de forma dinâmica e eficaz, comprovando a potencialidade dessa tecnologia para obtenção de informações relevantes à análise e gestão territorial.
BOA LEITURA!


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Egito transforma deserto em florestas utilizando água reaproveitada
O governo egípcio desafia a natureza ao regar áreas desérticas com água reaproveitada para convertê-las em florestas, cujas superfícies já equivalem ao território do Panamá.
A diferença verificada após a intervenção humana é significativa. Onde antes havia uma paisagem desértica e inóspita, agora há áreas verdes cobertas de árvores de alto valor econômico como álamos, papiros e eucaliptos.
Tudo isso foi possível graças à água que utilizam, poluem e desperdiçam todos os dias os 80 milhões de egípcios. Ironicamente, esta é a melhor opção para as chamadas "florestas feitas à mão".
"A água residual pode transformar o que não é fértil, como o deserto, em algo fértil, já que contém nitrogênio, micronutrientes e substâncias orgânicas ricas para a terra", disse à agência de notícias Efe o professor do Instituto de Pesquisa de Solo, Água e Ambiente Nabil Kandil, especializado na análise de terrenos desérticos adequados para o florestamento.
A opinião é compartilhada pelo professor do Departamento de Pesquisa de Contaminação da Água, Hamdy el Awady, que até ressalta a superioridade das plantas regadas com água reaproveitada.
"Esse tipo de água tem muito mais nutrientes do que a água tratada e, por isso, é uma fonte extra de nutrição que pode fazer com que as plantas resistentes aos climas hostis cresçam mais rápido e, inclusive, tenham folhas mais verdes", explica El Awady.
DESERTO É MAIORIA
Os dois professores sabem bem da importância de equilibrar a oferta e a demanda em um país que produz 7 milhões de metros cúbicos de água residual ao ano e que, ao mesmo tempo, tem 95% de seu território coberto por desertos estéreis ou com pouca vegetação.
Ao todo, há 34 florestas ao longo do país, localizadas em cidades como Ismailia e Sinai, no norte, e em regiões turísticas do sul, como Luxor e Assuã, num total de 71,4 mil quilômetros quadrados que equivalem à superfície total do Panamá.
De acordo com o governo egípcio, há outras dez florestas em processo de "construção", em uma área de 18,6 mil quilômetros quadrados.
Os mais de 71 mil quilômetros quadrados de floresta plantados até agora são resultado das análises de solo, clima e água que possibilitaram a escolha das espécies de árvores capazes de sobreviver em condições extremas.
"A boa notícia é que as plantas são seletivas. São elas que selecionam a quantidade de água e os nutrientes necessários para sobreviver", explica El Awady.
A maioria das espécies cultivadas até agora é de árvores como álamos, papiros, casuarinas e eucaliptos, semeadas para responder à demanda de madeira do país, além de plantas para produzir biocombustíveis como a jatrofa e a jojoba, e para fabricar óleo, como a colza, a soja e o girassol.
Para Kandil, estes resultados são a prova de que o problema não é a terra, pois no Egito há de sobra, mas de onde extrair a água. Obtê-la das estações de tratamento primário --onde são eliminados os poluentes sólidos-- foi a saída mais barata, especialmente porque os sistemas de irrigação que transportam e bombeiam o líquido são os mesmos utilizados há anos pelos camponeses egípcios.
Apesar desta água exigir precaução devido à presença de poluentes e aos impactos da mudança no ecossistema para a biodiversidade sejam desconhecidos, o projeto, implementado pelo Ministério de Agricultura em parceria com o de Ambiente, parece ter obtido sucesso.
De acordo com Kandil, as "florestas feitas à mão" não só combatem as secas, a desertificação e a erosão. "[Elas] aproveitam a água residual, maximizam o benefício para os agricultores e satisfazem as necessidades de madeira do Egito, gerando benefícios econômicos para o país", acrescenta.
Acesso em: 12/11/2010.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Dicas de leitura!
O problema da erosão é bastante preocupante uma vez que pode assorear rios além da própria perda econômica que acarreta. O trabalho abaixo fez um estudo sobre processos erosivos em bacias hidrográficas urbanas. Vale a pena conferir!
MAURO, J.R. CARTA DE SUSCEPTIBILIDADE À EROSÃO PARA A ÁREA DA BACIA DO PROSA, CAMPO GRANDE – MS: ESCALA 1:15.000. 83 f. 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, UNESP, Ilha Solteira, 2001.
O presente trabalho consiste no estudo sistemático dos fenômenos erosivos em áreas urbanas, tendo como objetivo a avaliação e identificação das causas destes fenômenos na área da Bacia do Córrego Prosa no Município de Campo Grande – MS. Como ferramenta principal utilizou-se o mapeamento geotécnico, na escala de detalhe 1:15.000 em uma área de 3.682,6888 ha., com o objetivo de fazer uma caracterização geotécnica das feições erosivas existentes na área. Buscou-se também fazer um levantamento de dados geológicos, geomorfologicos e de influência antrópica. Os resultados obtidos através deste mapeamento possibilitam a elaboração do mapa de susceptibilidade à erosão. Como ferramenta auxiliar utilizou-se a Técnica de Avaliação do Terreno segundo sistemática proposta por LOLLO (1996). A compartimentação do terreno baseou-se no estudo das formas de relevo (landforms), que foram divididas até o nível elementos de terreno, respeitando os limites naturais do meio físico. Os documentos cartográficos gerados foram: mapa de ocorrências de processos erosivos, mapa do substrato rochoso, mapa de materiais inconsolidados, carta de declividades, mapa de landforms (elementos de terreno), mapa de ocupação, mapa imagem, e carta de susceptibilidade à erosão.

PALAVRAS – CHAVE: Carta de Susceptibilidade - Mapeamento Geotécnico – Erosões – Landforms.

BOA LEITURA!

Disponível em: www.ppgec.feis.unesp.br/teses/2001/jose_roberto_mauro.pdf . Acesso em: 09 nov. 2010.

PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DE RS SERÁ RETOMADO AINDA NESTE ANO

O Plano Estadual de Recursos Hídricos do RS (PERH) deve ser desenvolvido para o melhor aproveitamento da água e seguirá a Lei Gaúcha das Águas (Lei 10.350/94). O desenvolvimento econômico e social sustentável do Rio Grande do Sul, nos próximos anos, será definido pela disponibilidade de água, tanto em quantidade como qualidade. O PERH iniciou em 2006, mas foi paralisado por questões administrativas e será reiniciado ainda este ano, a partir de um processo de licitação.O Plano tem como objetivos conhecer o cenário atual dos recursos hídricos do Rio Grande do Sul - mostrando as disponibilidades hídricas e as demandas por água -, indicar as áreas com problemas de escassez ou conflito em cada bacia hidrográfica. Além de garantir a participação da sociedade por meio dos comitês de bacias hidrográficas e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. O PERH visa, também, informar e sensibilizar a sociedade e o poder público sobre as mudanças necessárias para garantir o crescimento social e econômico do Estado e consolidar os instrumentos de gestão de recursos hídricos: a outorga e a cobrança pelo uso da água, os objetivos futuros de qualidade e o licenciamento ambiental. Como será transformado em lei, é muito importante que o Plano seja o resultado de ampla consulta e acordo entre o Governo e sociedade.

Disponível em: http://www.diariodecanoas.com.br/SITE/noticias/geral,canal-8,ed-60,ct-505,cd-290176.htm. Acesso em: 09 nov. 2010.

ÁGUAS URBANAS

O sistema urbano típico de uso da água apresenta hoje um ciclo imperfeito. A água é bombeada de uma fonte local, é tratada, utilizada e, após, retorna para o rio ou lago, para ser bombeada novamente. Mas a água que é devolvida raramente tem as mesmas qualidades que a água receptora (ou a água original, como foi extraída da natureza). Sais, matéria orgânica, calor e outros resíduos que caracterizam a poluição da água são agora encontrados.
O desenvolvimento das cidades sem um correto planejamento ambiental resulta em prejuízos significativos para a sociedade. Uma das conseqüências do crescimento urbano foi o acréscimo da poluição doméstica e industrial, criando condições ambientais inadequadas e propiciando o desenvolvimento de doenças, poluição do ar e sonora, aumento da temperatura, contaminação da água subterrânea, entre outros problemas.
O desenvolvimento urbano brasileiro concentra-se em regiões metropolitanas, na capital dos estados e nas cidades pólos regionais. Os efeitos desta realidade fazem-se sentir sobre todo aparelhamento urbano relativo a recursos hídricos, ao abastecimento de água, ao transporte e ao tratamento de esgotos cloacal e pluvial.
À medida que a cidade se urbaniza, geralmente ocorrem os seguintes impactos:
- Aumento das vazões máximas.
- Aumento da produção de sedimentos devido à desproteção das superfícies e à produção de resíduos sólidos (lixo).
- Deterioração da qualidade da água, devido à lavagem das ruas, ao transporte de material sólido e a ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial.
Além destes impactos, ainda existem os causados pela forma desorganizada da implantação da infra-estrutura urbana: pontes e taludes de estradas que obstruem os escoamentos, redução da secção do escoamento de aterros, deposição e obstrução de rios, canais e condutos de lixos e sedimentos, projetos e obras de drenagem inadequados.
As enchentes em áreas urbanas são causadas por dois processos (isolados ou de forma integrada):
- Enchentes causadas pela urbanização: o solo é ocupado com superfícies impermeáveis à rede de condutos de escoamento.
- Enchentes em áreas ribeirinhas (naturais): o rio ocupa seu leito maior, de acordo com eventos extremos, com tempo de retorno, em média, de 2 anos.
As medidas de controle de inundações podem ser classificadas em estruturais, quando o homem modifica o rio: obras hidráulicas, como barragens, diques e canalização; e em não estruturais, quando o homem convive com o rio: zoneamento de áreas de inundação, sistema de alerta ligado à defesa civil e seguros. No Brasil, não existe nenhum programa sistemático de controle de enchentes que envolva seus diferentes aspectos. O que se observam são ações isoladas por parte de algumas cidades.

Disponível em: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/aguas_urbanas/aguas_urbanas_-_introducao.html. Acesso em : 09 de nov. 2010.

A Proteção Municipal aos Recursos Hídricos

O envolvimento dos municípios com o tema ambiental decorre das agendas municipais da ONU que identificam a urbanização excessiva como um dos mais sérios problemas ambientais da atualidade. A relevância e atualidade da temática encontram-se no fato de que a água, apontado como o recurso natural mais valioso do século XXI, tem sua escassez anunciada devido ao uso irracional e ao aumento das populações. Adquirindo valor, ela passa a ser um recurso estratégico para o desenvolvimento e a qualidade de vida do ser humano, e tendo em vista que a maior parcela da população Mundial reside nas cidades, é mister discutir-mos a questão, pois diz respeito ao meio em que vivem milhares de pessoas.
Seguindo uma tendência mundial a Carta Magna de 1988 passou a considerar a água como bem Público. Assim, a partir de sua promulgação todas as águas passaram a ser de domínio da União, dos Estados ou do Distrito Federal. O Município foi privado do domínio das águas, mas apesar disso, é cediço que a água é um bem público, assim como o meio ambiente de qual faz parte, portanto cabe ao Poder Público local cuidar do patrimônio público do qual desfrutam seus habitantes.Além disso, a mesma norma que dispôs sobre a dominialidade das águas impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente para a presente e para as futuras gerações. E nesse bojo do Poder Público está incluso o Município, por sua personalidade jurídica de direito público e integrante da Federação, assim afirma Nivaldo Brunoni. (2000, p. 96):
O Município integra a estrutura do sistema federativo e goza de autonomia para gerir os negócios que lhe são próprios, tendo recebido, pela partilha constitucional, competência administrativa comum, ampla, para atuar em defesa do meio ambiente, bem como competência legislativa exclusiva no que se refere ao seu peculiar interesse e suplementar (no que couber) nas matérias não exclusivas ou privativas das demais pessoas políticas.
A competência municipal na área ambiental está inserida na Constituição Federal, onde a mesma assegura, em seu art. 23, incisos VI e VII, que cabe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a defesa do meio ambiente, o combate à poluição, bem como preservar as florestas, a fauna e a flora.
A lei que dispõe sobre a política nacional do meio ambiente (lei 6.938/81), em seu art. 2º, diz que os municípios podem elaborar normas supletivas e complementares, observadas as normas e os padrões federais e estaduais. Portanto, o Município deve legislar dentro de sua competência e fazer cumprir a legislação Estadual e Federal de proteção ao meio ambiente.

DESAFIOS

O desafio principal, porém um pouco mais distante é tornar nossas cidades Sustentáveis, mas neste trabalho nos deteremos à forma como o Poder Locar pode e deve atuar para proteger os recursos hídricos, bem como proteger a população de eventos críticos como secas ou enchentes.
As cidades normalmente de desenvolvem perto de corpos hídricos, ocupam as margens dos rios, os entornos de lagoas e as praias, ocupação que traz sérias conseqüências, vivenciadas com freqüência. Neste desafio específico sonhamos em ver nossas cidades livres de enchentes que atormentam a vida dos munícipes em qualquer chuva mais forte, bem como ter nossas áreas de preservação permanente como deveriam ser.
Um dos problemas mais graves enfrentados atualmente pelos centros urbanos é a produção do esgoto sanitário, que cresce à medida em que aumentam as populações das cidades. O esgoto sanitário é formado por despejos de diversas origens e pode ser: esgoto doméstico (proveniente de residências), esgoto comercial (produzido por restaurantes, hotéis, aeroportos, etc.), esgoto da área institucional (gerado por escolas, prisões, hospitais, etc.) e esgoto industrial.
Almejamos também que de a manutenção de nosso habitat não venha a prejudicar a vida de outros ecossistemas, assim, não queremos que nossas cidades continuem poluindo rios e outros reservatórios de água, como os subterrâneos, pois a poluição causada pelos esgotos é de responsabilidade da prefeitura.

PROPOSIÇÕES

Para solucionar esses problemas, propomos um planejamento municipal multidisciplinar, e sua rigorosa efetivação. A lei orgânica e o plano diretor devem contemplar problemas ambientais eminentemente urbanos: Parcelamento do solo; poluição sonora; poluição visual (direito à paisagem); contaminação dos recursos hídricos (esgotos, edificações, postos de gasolina, etc.); produção e destinação de resíduos sólidos domiciliares; redes de infra-estrutura aéreas e subterrâneas; padrões de emissão de poluentes do ar.
O Plano Diretor (art. 182, CF), instrumento central da política urbana, deve indicar a função social e ambiental da cidade, integrando funções urbanas e rurais, bem como regrar a função social da propriedade, como reflexo da política urbano ambiental. Como conseqüência desse dispositivo, a cidade deve preservar espaços que permitam uma maior permeabilidade das águas das chuvas, reduzindo o percentual construtivo das áreas urbanas e reduzindo o concreto das áreas públicas, arborizando-as e aumentando a capacidade da terra absorver as águas pluviais.
Na elaboração do zoneamento deve-se ter a cautela de situar os cemitérios longe de mananciais ou corpos hídricos, a fim de evitar uma possível contaminação. Pois devido à putrefação dos corpos, atividade realizada por milhões de bactérias e outros microorganismos, a qualidade das águas subterrâneas pode ser afetada, pela infiltração de subprodutos derivados da decomposição transportados pela água das chuvas.
Outro fator que deve ser levado em conta no momento em que se faz o ordenamento urbano é a poluição e o desperdício provocado por atividades tipicamente urbanas, cuidando da disposição de outras atividades poluidoras, como lava-jatos, oficinas mecânicas, postos de combustível, responsáveis pelo despejo de óleo e outros resíduos no meio ambiente.
O saneamento básico engloba os serviços de abastecimento de água potável, a coleta e tratamento de esgotos sanitários provenientes da população e comunidades locais, bem como a coleta e destinação de lixo. Trata-se de um serviço suma importância, pois além de propiciar qualidade de vida, é um fator de saúde preventiva, a falta desse cuidado pode prejudicar a população local, bem como outras populações próximas, se os dejetos não tratados forem despejados em cursos d’água, que os transportará. Considerando o perigo que a ausência de tais serviços significa para a saúde da população, assepsia do ambiente passou a ser entendido como de base, ou básica.
A atuação municipal na proteção dos recursos hídricos deve se balizar pelos limites da competência suplementar, mas, não pode este ente federativo deixar de agir na proteção do meio ambiente alegando que não é assunto de sua alçada, pois na proteção do patrimônio ambiental a competência para agir é comum à União, aos Estados e aos Municípios.Assim, sugerimos um investimento maciço em saneamento ambiental, o que é amparado e incentivado pela legislação Federal, que prevê muitos recursos para essas ações. Também propomos uma reorganização das cidades, com uma efetiva desocupação de áreas de risco, que normalmente são de preservação permanente por força de norma Federal. Assim poderemos ter uma cidade mais saudável para todos.

Disponível em: http://noticias.ambientebrasil.com.br/artigos/2010/04/15/53486-a-protecao-municipal-aos-recursos-hidricos.html . Acesso em: 09 nov. 2010

EVENTOS DO MÊS DE NOVEMBRO


X SIMPÓSIO DE RECURSOS HÍDRICOS DO NORDESTE
Período: 16 e 19 de novembro de 2010.
Local: Hotel Gran Marquise – Fortaleza/CE


2º SIMPÓSIO - EXPERIÊNCIAS EM GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS POR BACIA HIDROGRÁFICA
Período: 23 a 26 de Novembro de 2010.
Local: TAUÁ HOTEL & CONVENTION – Atibaia/SP
Audiência Pública para a apresentação do"PLANO DE BACIAS 2010-2035", dos Comitês PCJ

No dia 18/11/2010 as 9:30 acontecerá a Audiência Pública para a apresentação do"PLANO DE BACIAS 2010-2035", dos Comitês PCJ.

Local: Salão Nobre da Universidade São Francisco, sito à Av. São Francisco de Assis nº 218, Bairro São José, Bragança Paulista/SP.

No site
http://www.comitepcj.sp.gov.br/SplashOut10.php vocês podem encontrar mais informações. Nele também está disponível o Relatório denominado R8 - Relatório Final, que faz parte do Plano de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí 2008-2020.

A Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 institui e normatizou a área de atuação dos Comitês de Bacia, os mesmos podem atuar numa só bacia, como também em um conjunto de bacias. Ela também deixa bem claro as responsabilidades dos Comitês, que ficam obrigados a:

- Promover o debate de questões relacionadas aos recursos hídricos;
- Arbitrar, em primeira instância, sobre os conflitos existentes relacionados aos recursos hídricos;
- Aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia e acompanhar a execução do mesmo.

Podemos comprovar que a lei esta sendo cumprida, só nos resta exercer o nosso papel de cidadão e participar do encontro.

Referências:

Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Disponível em:
http://www.comitepcj.sp.gov.br/mapa_pcj_06.html Acesso em 09 nov 2010

BRASIL. Lei nº 9.433. Ano: 1997. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm Acesso em 20 out 2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Administração das Águas

Os rios revelam, na qualidade de suas águas, a qualidade dos usos que são feitos nas terras que drenam. Quem estuda o estado da qualidade das águas de qualquer rio, descobre os tratamentos que os habitantes situados nas cabeceiras daquele rio fazem de suas terras.
Assim, quando uma instituição se propõe a cuidar do meio ambiente, suas atenções devem começar pelo estudo das águas, já que estas indicam detalhes que, nas visitas às propriedades, cidades e indústrias, podem der disfarçados aos pesquisadores.
Acesso em: 08/11/2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Transposição do Rio São Francisco: integração de bacias

O Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional é um empreendimento do Governo Federal, sob a responsabilidade do Ministério da Integração Nacional. É destinado a assegurar oferta de água, em 2025, a cerca de 12 milhões de habitantes de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.


A integração do rio São Francisco às bacias dos rios temporários do Semi-árido será possível com a retirada contínua de 26,4 m³/s de água, o equivalente a apenas 1,42% da vazão garantida pela barragem de Sobradinho (1850 m³/s), sendo que 16,4 m³/s (0,88%) seguirão para o Eixo Norte e 10 m³/s (0,54%) para o Eixo Leste.


Nos anos em que o reservatório de Sobradinho estiver com excesso de água, o volume captado poderá ser ampliado para até 127 m³/s, aumentando a oferta de água para múltiplos usos.




Bacias da integração


A Região Nordeste, que possui apenas 3% da disponibilidade de água e 28% da população brasileira, apresenta uma grande irregularidade na distribuição de recursos hídricos, uma vez que o rio São Francisco representa 70% de toda a oferta regional.


Essa irregularidade na distribuição interna dos recursos hídricos, associada a uma desigualdade nas densidades demográficas (cerca de 10 hab/km² na maior parte da bacia do rio São Francisco e aproximadamente 50 hab/km² no Nordeste Setentrional) faz com que o Semi-árido Brasileiro seja dividido em dois:


1 - Semi-árido da Bacia do São Francisco, com 2.000 a 10.000 m³ /hab/ano de água disponível em rio permanente
2 - Semi-árido do Nordeste Setentrional, compreendendo parte do estado de Pernambuco e os estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, com aproximadamente 400m³ /hab/ano disponibilizados através de açudes construídos em rios intermitentes e em aqüíferos com limitações quanto à qualidade e/ou quanto à quantidade de suas águas.


Tendo por base a disponibilidade hídrica de 1500 m³ /hab/ano, estabelecida pela ONU como sendo a quantidade mínima necessária para garantir o suprimento de água para os seus diversos usos, o Projeto de Integração interligará a bacia hidrográfica do rio São Francisco com o Semi-árido do Nordeste Setentrional, aumentando assim a disponibilidade de água nessa localidade.
As bacias que receberão a água do rio São Francisco são: Brígida, Terra Nova, Pajeú, Moxotó e Bacias do Agreste em Pernambuco; Jaguaribe e Metropolitanas no Ceará; Apodi e Piranhas-Açu no Rio Grande do Norte; Paraíba e Piranhas na Paraíba.




Eixos do projeto


O Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional apresenta dois eixos: o Norte, que levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, e o Leste, que beneficiará parte do sertão e as regiões agreste de Pernambuco e da Paraíba. Cada eixo é dividido em lotes compreendendo um total de 14 lotes de obras.


O Eixo Norte, a partir da captação no rio São Francisco próximo à cidade de Cabrobó – PE, percorrerá cerca de 402 km, conduzindo água aos rios Salgado e Jaguaribe, no Ceará; Apodi, no Rio Grande do Norte; e Piranhas-Açu, na Paraíba e Rio Grande do Norte. Ao cruzar o estado de Pernambuco, este eixo disponibilizará água para atender as demandas de municípios inseridos em 3 sub-bacias do rio São Francisco: Brígida, Terra Nova e Pajeú. Para atender a região de Brígida, no oeste de Pernambuco, foi concebido um ramal de 110km de comprimento que levará parte da vazão do Eixo Norte para os açudes Entre Montes e Chapéu.


O Eixo Norte operará com uma vazão contínua de 16,4 m³/s, destinados ao consumo humano. Em períodos de escassez de água nas bacias receptoras e de abundância na bacia do São Francisco, as vazões transferidas poderão atingir a capacidade máxima estabelecida, que é de 99 m³/s. Os volumes excedentes transferidos serão armazenados em reservatórios estratégicos existentes nas bacias receptoras: Atalho e Castanhão, no Ceará; Armando Ribeiro Gonçalves, Santa Cruz e Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte; Engenheiro Ávidos e São Gonçalo, na Paraíba; e Chapéu e Entre Montes, em Pernambuco.

O Eixo Leste que terá sua captação no lago da barragem de Itaparica, no município de Floresta – PE, se desenvolverá por um caminhamento de 220 km até o rio Paraíba – PB, após deixar parte da vazão transferida nas bacias do Pajeú, do Moxotó e da região agreste de Pernambuco. Para o atendimento das demandas da região agreste de Pernambuco, o projeto prevê a construção de um ramal de 70 km que interligará o Eixo Leste à bacia do rio Ipojuca.


O Eixo Leste funcionará com uma vazão contínua de 10 m³/s, disponibilizados para consumo humano. Periodicamente, em caso de abundância de água na bacia do São Francisco e de necessidade nas regiões beneficiadas, o canal poderá funcionar com a vazão máxima, que é de 28 m³/s. Este excedente hídrico será transferido para reservatórios existentes nas bacias receptoras: Poço da Cruz, em Pernambuco, e Epitácio Pessoa (Boqueirão), na Paraíba.


Os canais foram concebidos na forma trapezoidal, revestidos internamente por membrana plástica impermeável, com recobrimento de concreto.


Aquedutos estão em construção nos trechos de travessia de rios e riachos,além de túneis para a ultrapassagem de áreas com altitude mais elevada.


Para vencer o desnível do terreno entre os pontos mais altos do relevo, ao longo dos percursos dos canais, e os locais de captação no rio São Francisco, estão sendo implantadas 9 estações de bombeamento: 3 no Eixo Norte, com elevação total de 180m, e 6 no Eixo Leste, que eleva a uma altura total de 300m.


Ao longo dos eixos principais e de seus ramais, estão em construção 30 barragens para desempenharem a função de reservatórios de compensação, o que permite o fluxo de água nos canais mesmo durante as horas do dia em que as estações de bombeamento estiverem desligadas (as bombas ficarão de 3 a 4 horas por dia desligadas para reduzir os custos com energia).




Distribuição de Água


Com o Projeto de Integração do Rio São Francisco, os grandes açudes (Castanhão – CE, Armando Ribeiro Gonçalves – RN, Epitácio Pessoa – PB, Poço da Cruz – PE e outros) do Nordeste Setentrional passarão a oferecer uma maior garantia para o fornecimento de água aos diversos usos das populações. Nos estados beneficiados com o projeto, vários sistemas de distribuição estão operando, encontram-se em obras ou estão em fase de estudos, com o objetivo de levar água destes reservatórios estratégicos para suprir cidades e perímetros de irrigação.

No estado do Ceará, o sistema de reservatórios que abastece a Região Metropolitana de Fortaleza – RMF (açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião) já está interligado ao rio Jaguaribe através do Canal do Trabalhador (capacidade de 5 m³/s). Em função da necessidade de se levar mais água da bacia do Jaguaribe para a RMF, o Governo do Estado está construindo o Canal da Integração (capacidade de 22 m³/s), interligando o açude Castanhão às bacias do Banabuiú (maior afluente do rio Jaguaribe) e Metropolitanas.


No estado do Rio Grande do Norte, o açude Armando Ribeiro Gonçalves é responsável pelo abastecimento de uma grande quantidade de municípios das bacias do Piranhas-Açu, Apodi e Ceará-Mirim através de 4 grandes sistemas adutores que estão em operação: Adutora de Mossoró, Adutora Sertão Central / Cabugi, Adutora Serra de Santana, Adutora do Médio Oeste. Encontra-se em fase de projeto, a Adutora do Alto Oeste que atenderá a maior parte dos municípios da bacia do Apodi, captando água no açude Santa Cruz, outro reservatório de recepção das transferências hídricas do Projeto São Francisco.


No estado da Paraíba, o Eixo Leste do Projeto São Francisco permitirá o aumento da garantia da oferta de água para os vários municípios da bacia do Paraíba, atendidos pelas adutoras do Congo, do Cariri, Boqueirão e Acauã. O Eixo Norte possibilitará o abastecimento seguro de diversos municípios da bacia do Piranhas, atendidos por sistemas adutores tais como Adutora Coremas / Sabugi e Canal Coremas / Souza.


No estado de Pernambuco, os Eixos Norte e Leste, ao atravessarem o seu território, servirão de fonte hídrica para sistemas adutores existentes ou em projeto, responsáveis pelo abastecimento de populações do Sertão e do Agreste: Adutora do Oeste, Adutora do Pajeú, Adutora Frei Damião e Adutora de Salgueiro.




Benefícios


O Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional é a mais importante ação estruturante , no âmbito da política nacional de recursos hídricos, tendo por objetivo a garantia de água para o desenvolvimento sócio-econômico dos estados mais vulneráveis às secas ( Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco). Neste sentido, ao mesmo tempo em que garante o abastecimento por longo prazo de grandes centros urbanos da região (Fortaleza, Juazeiro do Norte, Crato, Mossoró, Campina Grande, Caruaru, João Pessoa) e de centenas de pequenas e médias cidades inseridas no Semi-árido, o projeto beneficia áreas do interior do Nordeste com razoável potencial econômico, estratégicas no âmbito de uma política de desconcentração do desenvolvimento, polarizado até hoje, quase exclusivamente, pelas capitais dos estados.


Ao interligar os açudes estratégicos do Nordeste Setentrional com o rio São Francisco, o projeto irá permitir:

No Estado do Ceará;

  • o aumento da garantia da oferta hídrica proporcionada pelos maiores reservatórios estaduais (Castanhão, Orós e Banabuiú) que operados de forma integrada com os açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião fornecem água para os diversos usos da maior parte da população das bacias do Jaguaribe e Metropolitanas (5 milhões de habitantes de 56 municípios, em 2025);
  • a redução do conflito existente entre a bacia do Jaguaribe e as bacias Metropolitanas, em função do progressivo aumento das transferências de água para o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza que possui uma disponibilidade hídrica per capita de apenas 90 m3/hab/ano;
  • uma melhor e mais justa distribuição espacial da água ofertada pelos açudes Orós e Banabuiú, beneficiando populações do Sertão Cearense, uma vez que com o Projeto de Integração do São Francisco estes reservatórios estariam aliviados do atendimento de parte das demandas do Médio e Baixo Jaguaribe e da Região Metropolitana de Fortaleza;
  • a perenização do rio Salgado, estabelecendo uma fonte hídrica permanente para o abastecimento da segunda região mais povoada do Estado, o Cariri Cearense (cerca de 500 mil habitantes).


No Estado do Rio Grande do Norte;

  • o aumento da garantia da oferta hídrica proporcionada pelos dois maiores reservatórios estaduais (Santa Cruz e Armando Ribeiro Gonçalves) responsáveis pelo suprimento de água para os diversos usos da maior parte da população das bacias do Apodi, Piranhas-Açu, Ceará-Mirim e Faixa Litorânea Norte;
  • a redução dos conflitos existentes na Bacia do Piranhas-Açu, entre usuários de água deste estado e do estado da Paraíba e entre os usos internos do próprio estado;
  • a perenização dos maiores trechos dos rios Apodi e Piranhas-Açu, situados a montante dos açudes Santa Cruz e Armando Ribeiro Gonçalves, estabelecendo uma fonte hídrica permanente para as populações de mais de 60 municípios localizados nestas duas bacias hidrográficas;
  • o abastecimento seguro para 95 municípios (1,2 milhões de habitantes em 2025), através do aumento da garantia da oferta de água dos açudes Santa Cruz e Armando Ribeiro Gonçalves, da perenização permanente de todos os trechos dos rios Apodi e Piranhas-Açu, em associação com uma rede de adutoras que vem sendo implantada há alguns anos (mais de 1000 km implantados).

No Estado da Paraíba;

  • o aumento da garantia da oferta hídrica proporcionada pelos maiores reservatórios estaduais (Epitácio Pessoa, Acauã, Egº Ávidos, Coremas e Mãe D’água) responsáveis pelo suprimento de água para os diversos usos da maior parte da população das bacias do Paraíba e Piranhas;
  • a redução dos conflitos existentes na Bacia do Piranhas-Açu, entre usuários de água deste estado e do estado do Rio Grande do Norte e entre os usos internos do próprio estado;
  • a redução dos conflitos existentes na Bacia do Paraíba, fundamentalmente sobre as águas do Açude Epitácio Pessoa, insuficientes para os seus diversos usos e tendo como umas das conseqüências o estrangulamento do desenvolvimento sócio-ecnômico de Campina Grande, um dos maiores centros urbanos do interior do Nordeste (cerca de 400 mil habitantes);
  • uma melhor e mais justa distribuição espacial da água ofertada pelos açudes Coremas e Mãe D’Água, beneficiando populações da região do Piancó, uma vez que com o Projeto de Integração do São Francisco estes reservatórios estariam aliviados do atendimento de demandas dos trechos do rio Piranhas, situados a jusante destes reservatórios;
  • o abastecimento seguro para 127 municípios (2,5 milhões de pessoas em 2025), através do aumento da garantia da oferta de água dos açudes Epitácio Pessoa, Acauã, Egº Ávidos, Coremas e Mãe D’água, da perenização permanente de todos os trechos dos rios Paraíba e Piranhas, em associação com uma rede de adutoras que vem sendo implantada há alguns anos (mais de 600 km implantados).

No Estado de Pernambuco;


  • uma melhor distribuição espacial dos seus recursos hídricos, pois além da disponibilidade de água do rio São Francisco em cerca de metade da sua fronteira sul, o Estado contará com dois grandes canais (Eixo Norte e Eixo Leste), cortando transversalmente o seu território, a partir dos quais uma rede de adutoras e/ou canais irá, de forma sustentável, garantir o abastecimento das regiões do Agreste e do Sertão, situadas em cotas elevadas e distantes daquele rio;
  • a divisão, com os estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, de parte dos custos de oferta hídrica para as regiões do Agreste e do Sertão, tornando a água, distribuída a partir dos canais do Projeto de Integração, mais barata do que aquela captada diretamente do rio São Francisco por meio de adutoras isoladas (os custos de operação e manutenção da infra-estrutura dos Eixos Norte e Leste serão rateados entre os estados beneficiados, gerando uma economia de escala);
  • o aumento da garantia da oferta hídrica proporcionada por dois dos maiores reservatórios do Estado (Entre Montes e Poço da Cruz), estrategicamente situados para permitir o atendimento de demandas atuais e futuras das bacias dos rios Brígida e Moxotó;
  • o abastecimento seguro para 113 municípios (2,9 milhões de pessoas em 2025) do Sertão (bacias do Brígida, Terra Nova, Pajeú e Moxotó) e do Agreste, através da disponibilidade hídrica proporcionada diretamente pelos Eixos Norte e Leste, pelos seus ramais (Ramal de Entre Montes e Ramal do Agreste), pelos Açudes Entre Montes e Poço da Cruz, pelos leitos de rios perenizados, em associação com uma rede de adutoras que poderá ser conectada aos canais do Projeto de Integração.


O Projeto de Integração, também, terá um grande alcance no abastecimento da população rural, quer seja através de centenas de quilômetros de canais e de leitos de rios perenizados, quer seja por intermédio de adutoras para o atendimento de um conjunto de localidades.



Fonte: Ministério da Integração Nacional. Disponível em: http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/integracao/beneficios.asp. Acesso em: 01/11/2010


Em contrapartida, a corrente contraria às obras de transposição do Rio São Francisco afirma que a obra é nada mais que uma “transamazônica hídrica”, e que além de demasiado cara a transposição do rio não será capaz de suprir a necessidade da população da região uma vez que o problema não seria o déficit hídrico que não existe, o problema seria a má administração dos recursos existentes uma vez que a maior parte da água é destinada a irrigação e que diversas obras, que poderiam suprir a necessidade de distribuição da água pela região, estão há anos inconclusas.

Para se ter uma idéia, o nordeste é a região mais açudada do mundo com 70 mil açudes nos quais sãoarmazenados 37 bilhões de m³ de água. Portanto, o problema da seca poderia ser resolvido apenas com a conclusão das mais de 23 obras de distribuição que estão paradas nos municípios contemplados pela obra de transposição a um custo muito mais barato e viável do que a transposição do maior rio inteiramente nacional.

Além do fato exposto, outro ponto contrário é trata-se de um projeto delicado do ponto de vista ambiental, pois irá afetar um dos rios mais importantes do Brasil, tanto pela sua extensão e importância na manutenção da biodiversidade, quanto pela sua utilização em transportes e abastecimento.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. São Francisco. Disponível em: http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/integracao/index.asp. Acesso em: 01 nov 2010.

FARIA, C. Transposição do Rio São Francisco. Revista Digital Infoescola. Disponível em:
http://www.infoescola.com/hidrografia/transposicao-do-rio-sao-francisco/. Acesso em: 01 nov 2010.

Governo inaugura primeira etapa do Parque Várzeas do Tietê e assina contrato do Projeto Tietê III


O governador do Estado de São Paulo, Alberto Goldman, o secretário estadual de Transportes, Mauro Arce, a secretária de Energia e Saneamento, Dilma Pena, e o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, inauguram neste sábado (30) a primeira etapa do Parque Várzeas Tietê – considerado o maior parque linear do mundo, com 75 km de extensão e 107 km2 de área. Nesta primeira etapa, será entregue uma ciclovia de 15 km e ocorrerá a assinatura de contratos para obras do Projeto Tietê III.
Parque - O parque está sendo construído em três etapas e beneficiará diretamente 3 milhões de pessoas da Zona Leste e indiretamente toda a população da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Nesta primeira etapa, o investimento foi de R$ 377 milhões, sendo 30% do Estado de São Paulo e 70% financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Serão construídos 33 núcleos de equipamentos de esporte e lazer, beneficiando diretamente a população dos municípios da bacia do Alto Tietê: São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Salesópolis. No total, o investimento previsto é de R$ 1,7 bilhão. As obras no Núcleo Vila Jacuí estão em andamento.
A primeira etapa foi feita em 25 km de extensão às margens do rio Tietê, da barragem da Penha até a divisa com o município de Itaquaquecetuba, contemplando os municípios de São Paulo e Guarulhos. A conclusão dessa etapa está prevista para 2012. Já a segunda fase, com 11,3 km, abrange a várzea do rio em Itaquaquecetuba, Poá e Suzano, com previsão de término em 2014. O trecho de 38,7 km, que vai de Suzano até a nascente do Tietê, em Salesópolis, será feito na terceira etapa, que deverá ficar pronta em 2016. Nesta parte final também estão incluídos os municípios de Mogi das Cruzes e Biritiba Mirim.
Saneamento - A Sabesp participará do projeto levando infraestrutura de saneamento básico a 3 milhões de pessoas. A obra representa a defesa do manancial e da nascente do rio, além de integração social e preservação ambiental. Ela vai corrigir os problemas de ligações irregulares de água, que oferecem risco de contaminação. Esse tipo de irregularidade passa a não existir a partir de agora.
Controle de Enchentes - Para a sustentabilidade ambiental e econômica do parque serão criadas unidades de conservação e desenvolvidas ações educativas. O empreendimento terá estrutura de lazer, ao mesmo tempo que irá recuperar e preservar a várzea natural do rio, além de reduzir riscos de enchentes na RMSP. Ao todo, serão 33 núcleos de lazer, cultura e esporte, 230 km de ciclovia e Via Parque (com acesso de carro aos núcleos), 77 campos de futebol e 129 quadras poliesportivas. A ocupação das margens será reordenada com a transferência de famílias de áreas de risco para moradias dignas. Na primeira etapa, 3,1 mil famílias serão reassentadas em área o mais próxima possível às suas atuais residências.
Nas várzeas do Alto Tietê serão formadas grandes piscinas naturais, que amortecerão as cheias e serão fundamentais para complementar o efeito das obras da calha do Tietê (41 km) desde a barragem da Penha até a usina Edgard de Souza.
Com recursos do financiamento obtido junto ao BID, serão assinados contratos para implantação do primeiro conjunto de obras já licitados para todas as áreas da Região Metropolitana.
Projeto Tietê III - Há obras da terceira etapa que já estão em andamento. Um empréstimo do tipo AB Loan (braço privado do BID), no valor de US$ 87 milhões, possibilitou que a Sabesp não interrompesse o projeto após a conclusão da 2ª etapa.
Uma obra de grande destaque em andamento é a ampliação do coletor-tronco Ipiranga. O coletor, que segue paralelamente à margem esquerda das avenidas Ricardo Jafet, Abrão de Moraes e Rodovia dos Imigrantes, teve dois trechos construídos ainda na primeira fase do Projeto Tietê. O novo trecho terá 15,5 km de extensão e se somará aos 8 km já existentes. Sua finalização resultará na eliminação dos lançamentos irregulares de esgoto – por volta de 470 litros por segundo – naquela região, contribuindo, assim, com a despoluição do rio Tietê. Cerca de 270 mil pessoas dos bairros de Ipiranga, Vila Mariana, Saúde, Bosque da Saúde, Cursino, Jabaquara e Americanópolis serão beneficiadas. A obra está avaliada em R$ 44 milhões.
Outro conjunto de obras licitado e em execução refere-se à construção do Interceptor ITi-15 e dos coletores-tronco Três Pontes, Pires e Tipoia. As intervenções possibilitarão a coleta e o tratamento dos dejetos gerados nas bacias do Ribeirão Três Pontes e Vila Virgínia, impedindo que 300 litros por segundo sejam despejados nos córregos e rios que desaguam no Tietê. Cerca de 150 mil habitantes de Itaquaquecetuba e de parte de São Miguel e Itaim Paulista serão favorecidas. Os investimentos são de R$ 58,9 milhões.
Outro Interceptor, o ITi-12, também está sendo construído e beneficiará 80 mil habitantes de três bairros da Capital: Parque Ecológico do Tietê, Engenheiro Goulart e Vila Sílvia. Cem litros por segundo de esgoto serão encaminhados para tratamento na ETE Parque Novo Mundo. A obra está estimada em R$ 27,5 milhões.
A quarta obra em andamento é a do Coletor-Tronco São João de Barueri e secundários, que, com previsão de conclusão até o fim deste ano, coletará o esgoto gerado na bacia do Rio São João. Os investimentos são de R$ 34 milhões de reais e beneficiarão 120 mil moradores dos municípios de Jandira e Itapevi. Cerca de 240 litros por segundo serão enviados para tratamento na ETE Barueri.Ao término desta fase, estima-se a ampliação do índice de coleta dos atuais 84% para 87%, com significativa melhora no de tratamento, que passará de 70% para 84%.
1ª e 2ª etapas - Até hoje, a Sabesp já investiu US$ 1,6 bilhão no Projeto Tietê, montante distribuído em duas fases. Na primeira delas, que durou de 1992 até 1998, priorizou-se a construção de ETEs e a ampliação do sistema de coleta e afastamento de esgoto, com investimento total de US$ 1,1 bilhão. Nesse período, o índice de coleta de esgoto passou de 70% para 80%, e o de tratamento, de 24% para 62%. O sistema de coleta e afastamento foi ampliado em 1.850km, o equivalente à distância de ida e volta de São Paulo a Brasília.Na segunda fase, de 2000 a 2008, o objetivo foi ampliar e otimizar o sistema de coleta e transporte, para utilização plena da capacidade instalada de tratamento de esgoto. Nessa etapa, o volume aplicado foi de US$ 500 milhões e o índice de coleta de esgoto passou de 80% para 84%, enquanto o de tratamento, de 62% para 70%.
Passeio Ciclístico – Em paralelo à assinatura do Termo de Contrato para as Obras do Projeto Tetê III a Sabesp promoverá o 5.º Passeio Ciclístico – Pedalada Ecológica no Parque Várzeas do Tietê. O passeio acontece às 11 horas no seguinte endereço:Rua Catléias 911 – km 23 da Rodovia Ayrton SennaA entrada acontecerá pelo Viaduto Jacu Pêssego, contornando o Parque Jacuí.
Acesso em: 03/11/2010.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Declaração Universal dos Direitos da Água

Em 22 de março de 1992 a ONU - Organização das Nações Unidas instituiu o "Dia Mundial da Água", publicando um documento intitulado "Declaração Universal dos Direitos da Água". Mas será que o documento é realmente levado a sério? Creio que após a leitura do mesmo verificaremos que ele não é levado a sério por muitos governantes.
O documento merece da nossa parte uma leitura atenciosa e uma reflexão. É dever de cada cidadão refletir e fazer valer cada parágrafo da declaração!

Declaração Universal dos Direitos da Água

1.-A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.

2.-A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.

3.-Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

4.-O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

5.-A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

6.-A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

7.-A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

8.-A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

9.-A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

10.-O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Referências:

ECOL NEWS. Os direitos da água. Disponível em: . Acesso em: 19 out. 2010.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Bebida, é água...

Você usa a água para quê? Pergunta que parece um pouco óbvia, não? Qualquer criança que ouça esse questionamento poderá pensar em apenas uma resposta, quase que instantâneamente: "Para beber, ué!".
Pois bem. O que no passado servia apenas para matar a nossa sede ou para suprir todas as nossas necessidades diárias, hoje em dia tornou-se um produto valioso que assumiu caráter, forma e potenciais jamais imaginados.

http://blogpop.com.br/wp-content/uploads/2010/07/%C3%A1gua_beber.jpg

A água está presente em quase todo estabelecimento comercial, de qualquer rua, de qualquer cidade do Brasil. E é quase inacreditável notar as apropriações comerciais que esse recurso sofreu e vem sofrendo. Quer água normal? Tem! E olha que essa "água normal" pode se tornar rara em meio a tantas invenções líquidas...
Quer água com menos íons? (seja lá qual for a utilização disso...) Temos, claro! Problemas de pele, acne, poros sujos, desidratação? Quer melhor hidratação, brilho e maciez para seus cabelos? Todos os seus problemas agora tem solução! Água, nos dias de hoje, serve para tudo. Água, que na sua essência deveria ser incolor, inodora e tudo mais, hoje tem cheiro, gosto e nos casos mais extremos tem até cor! Tudo isso acaba se confundindo com o que queremos e quais são nossas reais necessidades relacionadas aos recursos hídricos disponíveis, sempre tendo em mente que água "pura" pode ser tornar um bem muito raro e valiosíssimo em pouco tempo.
Será que vale a pena atribuir todas essas utilidades a esse líquido "1001 utilidades"? Afinal, água pra quê? Você tem sede de quê?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Reuso da água

No Brasil apesar de dispormos de cerca de 15% de todos os recursos hídricos do planeta para atender a uma população inferior a 3% da população do globo, podemos dizer que falta de uma maneira geral preservação das nascentes e mananciais, as ações para reverter o processo de assoreamento entre outros processos de poluição (LEITE; MONTE, 2010). Portanto chegamos à seguinte conclusão, pode faltar água apesar da fartura, portanto o reuso da água passa a ser importante, até mesmo pela atual demanda por parte de muitas empresas.
O reuso da água não é um conceito novo, ele é praticado há muito anos. Segundo a CETESB (2010) existem relatos de sua prática na Grécia Antiga, na disposição de esgotos e sua utilização na irrigação.
Segundo a NBR nº 13.969 de 1997 os tipos de reuso pode abranger desde a simples recirculação da água de enxágüe da máquina de lavagem, com ou sem tratamento aos vasos sanitários e até uma remoção em alto nível de poluentes para lavagens de carros. Geralmente o reuso é apenas uma extensão do tratamento de esgotos, sem investimentos adicionais elevados. Pela norma admite-se também que o esgoto tratado em condições de reuso possa ser enviado para além do limite do sistema para atender a uma demanda industrial ou outras (Engenharia e Projetos, 2010).
Existem vários tipos de reuso da água, abaixo os segue (Universidade da água, 2010):
· Reuso indireto não planejado da água: quando a água utilizada em alguma atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não controlada.
· Reuso indireto planejado da água: quando os efluentes depois de tratados são descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizados a jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico.
· Reuso direto planejado da água: quando os efluentes, após tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no meio ambiente. Geralmente um exemplo mais comum dessa situação é o reuso nas indústrias ou irrigação.
· Reciclagem de água: quando ocorre o reuso interno da água, antes de sua descarga em um sistema geral de tratamento ou outro local de disposição.
As aplicações da água reciclada (CETESB, 2010):
· Irrigação paisagística: em parque, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de auto-estradas, campus universitários, cinturões verdes, etc.
· Irrigação de campus para o cultivo: plantio de forrageiras, plantas fibrosas e de grãos, plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais, etc.
· Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento, etc.
· Recarga de aqüíferos: recarga de aqüíferos potáveis, controle de intrusão marinha, controle de recalques de subsolo.
· Usos urbanos não-potáveis: irrigação paisagística, combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, lavagem de ruas e pontos de ônibus, etc.
· Finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água, aplicação em pântanos, terras alagadas, indústrias de pesca.
· Usos diversos: aqüicultura, construções, controle de poeira, dessedentação de animais.
Segundo a NBR nº 13.969 do ano de 1997 deve haver um planejamento no sistema de reuso. O planejamento deve permitir o uso seguro e racional da água, minimizando assim o custo de implantação e de operação. Segundo a empresa Engenharia e Projetos, (2010) alguns parâmetros devem ser definidos antes da operação:
1. os usos previstos para esgoto tratado;
2. volume de esgoto a ser reutilizado;
3. grau de tratamento necessário;
4. sistema de reservação e de distribuição;
5. manual de operação e treinamento dos responsáveis.
O site Universidade da Água indica dois sites interessantes sobre o assunto, abaixo segue:
www.usp.br/cirra - Centro Internacional de Referência em Reuso de Água
www.abcmac.org.br - Assoc. Bras. de Captação e Manejo de Água de Chuva

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 13.969: Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos – Projeto, construção e operação. Rio de Janeiro, 1997. 60p.

CETESB. Reuso da água. 2010. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/gesta_reuso.asp>. Acesso em 27 set. 2010.

ENGENHARIA E PROJETOS. Reuso de água. 2010. Disponível em: <http://www.enge.com.br/reuso_agua.htm >. Acesso em 27 set. 2010.

LEITE, L. E. H. B. C.; MONTE, C. S.. Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Saneamento. 2010. Disponível em: < http://www.ecovale.org.br/palestras040806/Nota%20Tecnica%20Recursos%20Hidricos%20Saneamento%20e%20Meio%20Ambiente.doc.> Acesso em 27 set. 2010.

UNIVERSIDADE DA ÁGUA. Reuso da água. 2010. Disponível em: <http://www.uniagua.org.br/public_html/website/default.asp?tp=3&pag=reuso.htm >. Acesso em 27 set. 2010.

sábado, 11 de setembro de 2010

O Sistema Aquífero Guarani: um recurso hídrico nobre que merece cuidados

O Sistema Aquífero Guarani se apresenta como um importante manancial para o fornecimento de água potável para diversas localidades em que ele está localizado. Segundo Gastmans e Kiang (2004), este sistema ocupa uma área de aproximadamente 1,2 milhões de km², das quais 840 mil km² está em território brasileiro, 225 mil km² na Argentina, 72 mil km² no Paraguai e 58 mil km² no Uruguai. No Brasil, sua localização compreende os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Araújo et al (1999) expõe que o Sistema Aquífero Guarani se constitui nas Bacias Sedimentares do Paraná e Chaco-Paraná, formada por arenito da formação Botucatu e Pirambóia e sobreposto em 90% por rochas basalticas da formação Serras Gerais. Os pontos de recarga de água para o aquífero estão localizadas às marginais da Bacia Sedimentar do Paraná, como explica Araújo et al (1999). Nas margens são encontradas os afloramentos de arenitos, ocorrendo nestes a infiltração das águas pluviais. Nos pontos centrais do aquífero, os arenitos ficam cada vez mais distantes da superfície, na qual, em contrapartida, a camada de rochas basálticas ficam mais espessas. Neste ponto o aquífero fica em total confinamento, não havendo recarga. Os pontos de descarga estão localizados ao longo dos Rios Paraná e Uruguai.
Segundo Rocha (1997), estima-se que o Sistema Aquífero Guarani apresenta um volume de 37 mil km³ de água. As reservas ativas, aquelas que correspondem a recarga natural, são de 160 km³/ano. Porém, para efeito de planejamento, preservando o sistema hidrológico do aquífero, recomenda-se que a explotação seja em valores inferiores a 40 km³/ano.
A água do Sistema Aquífero Guarani apresenta, com exceção de alguns ponto anômalos, uma excelente potabilidade, podendo ser utilizada para diversos fins. Porém, a explotação de seus recursos hídricos não podém ser imediatistas, mas planejada em conjunto entre os países que compõem este sistema.
Até a década de 1970, o aquífero em questão era praticamente desconhecido. A partir daí houve um grande surto exploratório, como a construção de diversos poços ao longo das zonas de recarga. Porém, vale salientar que o conhecimento sobre o aquífero ainda é insuficiente e fragmentado, conforme expõe Rocha (1997). O autor discute que para um estudo mais aprofundado, é necessário uma cooperação a nível estadual e federal entre os países participantes do sistema, adotando assim técnicas unificadas de investigação. Este estudos compreedem projetos de: elaboração de Mapa de Recursos Hídricos do Aquífero Guarani; a identificação das zonas de recarga; o mapeamento de pontos de alto teor de fluoreto na água, que impossibilita o abastecimento público; construção de maior conhecimento quanto a circulação e a renovação do aquífero; determinação do balanço hídrico.
A grande preocupação quanto ao aquífero, objeto deste artigo, é a sua proteção contra a contaminação. Segundo Rocha (1997), ao longo das zonas de recarga se observam diversas cidades e pólos agroindustriais, nas quais os resíduos urbanos e rurais são lançados ao solo ou diretamente aos cursos dos rios. Desta forma, o autor nos chama a atenção, discutindo que
no caso do Aquífero Guarani, administradores públicos e usuários das águas precisam ser
advertidos sobre os perigos de contaminação irreversível das águas, se não houver critério
no uso de produtos químicos, cuidado com os rejeitos industriais e agrotóxicos lançados no
solo. O aquífero encontra-se protegido em quase toda sua área de ocorrência graças ao
tamponamento das espessas lavas de basalto praticamente impermeáveis; as faixas de
afloramento e áreas adjacentes, entretanto, são regiões de infiltração natural das águas,
com elevada vulnerabilidade à poluição. O controle das fontes de poluição aí existentes é
um imperativo para que o reserva tório aquífero inteiro seja utilizado ao logo das gerações
(ROCHA, 1997).
Nas áreas de recarga do aquífero, é imprescindível o controle e até a restrição do uso de alguns produtos químicos tóxicos (fertilizantes, praguicidas etc.). É necessário um aparato legislativo eficiente que torna legal este controle, como já pode ser observado no estado de São Paulo, que apresenta uma legislação específica para águas subterrâneas. Desta forma, se salienta a importância do mapeamento das áreas de recarga, garantido assim sua proteção.
A água do Sistema Áquifero Guarani é um recurso nobre. Sua preservação é importante pois o seu uso tem diversos benefícios para a sociedade: água, em sua grande parte, de excente qualidade para abastecimento urbano, na qual se observa muitas cidade que utilizam o aquífero como única fonte de recurso hídrico; o seu valor econômico, na qual nas regiões de possível explotação atraí indústrias que necessitam de água de alta qualidade (indústria alimentícia, por exemplo), além do turismo terma, já que água pode chegar a temperatura entre 20 a 60ºC.
O Sistema Aquífero Guarani é uma dádiva da natureza a nós, países do cone sul americano. Devemos preservar esta riqueza única, na qual os benefícios desta postura será colhida por nós mesmos.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, L. M.; FRANÇA, A. B.; POTER, P. E. Hidrogeology of the Mercosul Aquifer System in the Paraná and Chaco-Paraná Basins, South America, and comparison with the Navajo-Nugget Aquifer System, USA. Hidrogeology Journal, n. 7, p.317-336, 1999.
GASTMANS, D.; KIANG, C. H. Avaliação da hidrogeologia e hidroquímica do Sistema Aquífero Guarani (SAG) no estado de Mato Grosso do Sul. Águas Subterrâneas, Rio Claro, v. 19, n. 1, p.35-48, 2005.
ROCHA, G. A. O grande manancial do Cone Sul. Estudos Avançados, São Paulo, v. 11, n. 30, mai/ago 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141997000200013&script=sci_arttext&tlng=en. Acesso em: 10 set. 2010.
ZIMBRES, E. Guia avançado sobre água subterrânea. Meio Ambiente pró BR, 2002. Disponível em: http://www.meioambiente.pro.br/agua/aguasubterranea.htm. Acesso em: 10 set. 2010.